sexta-feira, 6 de julho de 2012

Adeus

Terça-feira, 14 de agosto de 2011
Querido Mário:
São quatro da manhã e eu não consigo dormir. Muito típico de mim, como sabes. Com isto, decidi responder à carta que mandaste há uns meses e, sinceramente, não percebi o motivo de o teres feito. Poderia mandar-te uma carta a dizer que podemos ser amigos, mas estaria a ir contra os meus princípios, portanto não o farei. Assim mando-te esta carta mostrando a minha opinião. Não gostei do que fizeste. Deixaste-me, depois de tudo o que passamos juntos. Não te desejo mal. Mas se o nosso amor tivesse sido apenas um caso de anos, podes ter a certeza que não era a felicidade que te desejaria. Quando esta carta te chegar às mãos perceberás que tenho um vazio que não pode ser preenchido. Não te amo. Esqueci-te porque sei que mais tarde ou mais cedo terás alguém junto de ti. Não são ciúmes. É desprezo, vergonha. Desprezo da pessoa que irá preencher o meu lugar no teu coração. Vergonha por ainda não ter casado. Os sentimentos que demonstro aqui podem ser um pouco contraditórios, por isso, quero pedir-te que não me escrevas mais. Nem sequer te dês ao trabalho de responder a esta carta. Será inútil. Não voltes cá a casa. Apaga o meu número de telemóvel por favor. Eu já apaguei o teu. Por fim, quero que saibas que não foste só um namoro. Ajudaste-me. Contigo percebi que não posso agarrar-me demasiado as pessoas, senão enlouquecerei. Digo isto porque penso que é isso que me está a acontecer. Acabo esta carta com lágrimas no papel. Não sei a razão. Mas hei-de descobrir e então encontrarei alguém que me faça feliz. Adeus.
Lúcia
Adoriabelle

domingo, 29 de abril de 2012

O Lado negro da Lua


No início do nono ano a minha turma teve uma nova aluna. Chamava-se Lua* e era alta, linda, atlética e virtuosa. Céus, nós odiávamo-la.

            Não era que ela fosse simplesmente bonita, ela era linda, tinha a altura perfeita, o peito grande em oposição ao corpo magro, o cabelo castanho claro até á cintura e aquela cor de olhos ambarina, entre o verde e o castanho, quase amarelada que superava todas as outras cores e as fazia envergonhar-se da sua simplicidade. Era por isso que todas a odiávamos, porque ela era tudo o que a sociedade á nossa volta afirmava que devíamos ser. Teria sido muito mais fácil se ela não soubesse desenhar tão bem, tão bem que a nossa professora de EV a preferia acima de todos os restantes alunos e lhe dedicava um carinho especial. Podia até ter sido suportável se ela não tivesse encantado os espectadores do Sarau de Natal, quando tocou piano para acompanhar os poemas que o rebanho constituído pela minha turma recitou, se os olhos do público não se tivessem fixado na seda macia do cabelo dela em vez de nos nossos olhos indiferentes ao ler poesia que para nós nada significava podíamos ter aceitado a chegada dela.

E que chegada essa! No primeiro dia do ano, da primeira vez que a vi, bronzeada, de roupa florida e cintilante apercebi-me, e penso que não fui a única, que ela não era uma de nós. Para mim, as raparigas e rapazes do colégio sempre tiveram uma constituição especial, débil, frágil, peculiar, de certo modo até doentia. Ela não era assim, era musculada e sólida, cada uma das suas feições irradiava saúde e alegria e até a maneira como se apresentou, como vociferou aquele nome, Lua, três letras apenas, sempre sem parar de sorrir e de erguer os olhos místicos para o interlocutor era diferente da nossa arrogância contida.

Apesar de tudo, apesar de tudo isso, penso que até tive sorte. Ela era mais bonita, mais talentosa, mais atlética e infinitamente mais simpática do que eu mas eu escrevia melhor. Lembro-me de uma aula em que, depois de a Lua ter lido um texto mediano eu apresentei o meu e, embora reconheça agora que a história não mereceu os elogios que acarretou, esse incidente garantiu-me que ela não era melhor do que eu em tudo. Eu não perdera a minha identidade, ainda tinha o meu talento particular, aquilo que tornava única.

Infelizmente, isso não aconteceu com todas nós e que melhor exemplo disso do que o incidente do balneário? Havia uma rapariga que eu conhecia desde o quinto ano, uma rapariga chamada Purpurina*, com a qual a minha relação complicada merecia um texto autónomo e, por esse mesmo motivo, não vou falar dela mais do que o necessário. O único facto que é realmente necessário saber acerca dela é que era uma galdéria. Não julguem que estou a ser cruel, posso apenas imaginar os motivos que a fariam comportar-se dessa maneira, de facto, nem sequer sei até que ponto ser uma galdéria é realmente moralmente condenável mas a verdade é que esse era o seu traço mais óbvio. Portanto, as tardes antes de Educação Física, quando ela mostrava as fotografias eróticas que uns falhados lhe enviavam, eram os momentos de glória dela, os seus 15 minutos de fama. O falhado desta semana era um rapaz normal, nem sequer particularmente atraente, só um miúdo:

-Já olhas-te bem para este corpo, ele não é mesmo bom?

-Achas isso um bom corpo? – Disse a Lua antes de mostrar uma fotografia de um rapaz musculado, esse sim, realmente atraente, que conhecera no ginásio.

            Escusado será dizer que a Purpurina nunca mais conseguiu manter a ilusão de a suportar. Raramente a criticava, até porque isso não era possível, não havia nada para criticar, limitava-se simplesmente a gozar com a voz da Lua e a encolher sarcasticamente os ombros cada vez que o nome dela era mencionado. Claro que o facto de o Gato, o namorado da Purpurina estar sempre a admirar e assediar a Lua (eu estou convencida que ele estava apenas a tentar assegurar a sua sexualidade ao mundo, especialmente a ele próprio, embora não considere que tenha feito um trabalho brilhante) não ajudou a melhorar a relação. Nunca ocorreu á Purpurina que a Lua não podia querer saber menos do namorado dela e que o Gato fazia aquelas coisas em parte para fazer ciúmes á namorada infiel que, homossexual ou não, ele adorava.

Quanto ás minhas próprias experiências com a Lua, nunca encontrei uma única razão lógica para a odiar, Ela nunca foi menos do que amorosa comigo. Nem uma palavra fria, nem um ato mesquinho, nem nenhuma daquelas maldades involuntárias características da raça humana, nada. Ajudava-me em Educação Física e cantava Whitney Houston comigo nas traseiras da escola, sem vergonha daquela musica tão diferente das melodias baratas da cidade Fm que a generalidade das raparigas da minha turma ouviam (calorosamente denominada pelos rapazes da nossa turma de “música de gaja”).

Mas, na realidade, só tive uma conversa honesta com ela a poucos dias do fim do ano, sentada nas escadas das traseiras, com o sol a bater-me na cara e um sentimento precoce de nostalgia, como se já tivesse passado por tudo aquilo, há muito tempo, numa outra vida. Foi nessa conversa, descontraída, despretensiosa e interessante que descobri que a Lua fazia parte, juntamente com a minha colega Azul e as respetivas famílias de cada uma, numa seita que cria na existência do diabo e da reencarnação, que tinha estado, durante a infância, tão obcecada com a possibilidade de ser raptada que se recusava a sair de casa quando não escoltada por um carro e coberta de casacos e que nunca usava camisolas de manga cavada porque odiava os seus ossudos, longos e perfeitos braços. Mas acima de tudo, descobri algo que fez com que a identificasse comigo. A Lua queria pintar, era tudo aquilo que queria para o futuro dela mas a insegurança acerca de ser ou não talentosa o suficiente fizera com que declarasse á família o desejo de seguir a arquitetura como profissão, o que a desagradava profundamente. Percebi nesse momento que a Lua, que era melhor do que todos a tudo, tinha medo de não ser boa o suficiente na única coisa que realmente lhe interessava e que isso estava a corroê-la. A Lua era estranha, insegura, frustrada, bela e fascinante como qualquer outro ser humano e torna-la perfeita era tão insultuoso e prejudicial para mim como para ela, para ela porque não se pode compreender e ajudar alguém enquanto os consideramos anjos de uma dimensão diferente e para mim porque a ideia de me compara a alguém, alguém com os seus próprios traumas, falhas e talentos é por si só ridícula e autodestrutiva.

Não estou a dizer que nunca mais me vou sentir insegura perto de uma rapariga que pareça ultrapassar-me em tudo mas penso que depois de conhecer a Lua, depois de conhecer a rapariga de carne e osso por detrás da máscara de perfeição, não me vou lembrar dela como a deusa bidimensional e inexistente do primeiro dia de aulas mas sim como a rapariga doce, insegura e amorosa daquela tarde de Verão em que percebi que não estou sozinha no mundo.
*Todos os nomes foram alterados para proteger os inocentes, especialmente a minha pessoa.

                                                                               

                                                                   Verónica

sábado, 10 de março de 2012

A Lírica Camoniana

Um pouco de Luís Vaz de Camões...

    Camões, um poeta celebre da nossa sociedade, deixa-nos confusos acerca da sua vida. Sabe-se, porém, que nasceu a 1524 ou 1525 e morreu a 10 de Junho de 1580. Ao longo da sua vida escreveu várias obras, entre as quais, destacamos a lírica.
    A Lírica Camoniana destaca-se pelo seu tema predominante, o Amor ("Amor é..."). No entanto, este não é o único tema, salientam-se também o desconcerto ou o absurdo ("Tanto do meu estado me acho incerto..."). Quanto à forma, Camões usou as redondilhas como marca da sua Lírica (De que me serve fugir / da morte, dor e perigo / se me eu levo comigo..."). Existem duas redondilhas, a maior e a menor, a redondilha maior são versos de sete sílabas métricas ou heptassílabos e a redondilha menor são versos de cinco sílabas métricas ou pentassílabos, a isto designamos por medida velha ( "Quem ora soubesse / onde o Amor nasce / que o semiasse! ...").
    Na verdade, a maioria das composições adotaram a medida nova, que foi introduzida em Portugal, a partir do século XVI. A medida nova corresponde ao verso dez das sílabas métricas ou decassílabos. Esta medida foi utilizada em composições de um nível mais avançado que as redondilhas, por exemplo, nas oitavas, nas sextinas, nas elegias, mas sobretudo nos sonetos (" Grão tempo há já que soube da Ventura..."). O soneto é constituido por duas quadras e dois tercetos, nesta ordem e todos decassilábicos. Normalmente, o soneto termina com a chave de ouro, que é a conclusão do poema.
    Em suma, a Lírica Camoniana é influenciada pela época classica, tornando-se assim Camoes um escritor do classicismo. Podemos ainda dizer que Camões se tornou célebre devido a obra " Os Lusíadas", que narra os grandes feitos portugueses. Sem dúvida um grande escritor! 

Lola  Rosseu

sexta-feira, 9 de março de 2012

Para que serve a Cultura


Um pouco de Filosofia...

    A palavra cultura tem dois significados, dependendo sempre do contexto. Por exemplo se estivermos a falar de um país, nós dizemos que esse país tem uma cultura diferente da nossa, então neste contexto cultura refere-se a tradições, hábitos e crenças. No entanto, se dissermos que um homem tem muita cultura, este contexto é diferente do acima referido. Neste contexto, cultura refere-se àquilo que a pessoa sabe, acerca de todo e qualquer aspeto.
   Para responder à pergunta “Para que serve a cultura?” vou focar-me na cultura de uma pessoa. Cada pessoa tem a sua própria cultura, a sua forma de pensar e a sua sabedoria acerca do mundo, a chamada cultura geral. Estes aspectos são importantes, porque é o que nos diferencia uns dos outros. Se todos soubéssemos as mesmas coisas, tivéssemos os mesmos gostos, todos seríamos iguais e teríamos a mesma profissão e faríamos as mesmas coisas. É por causa ou graças à cultura que existem cargos de maior responsabilidade e cargos de menor responsabilidade, cargos de maior conhecimento e de menor conhecimento. Outro argumento que podemos utilizar para dizer que a cultura de uma pessoa é importante, é o facto de esta permitir que nós, enquanto seres humanos, construamos o nosso conhecimento, a nossa forma de agir e de pensar.
   No entanto, todos estes aspetos estão intimamente ligados com a cultura de um país. Se pensarmos um pouco, conseguimos perceber que ao longo da nossa vida nós somos influenciados pela cultura do nosso país. Desde que nascemos até que morremos, vivemos em convivência com a cultura do nosso país e esta é que nos ajuda a crescer.
   Para concluir, podemos dizer que a cultura serve para nos diferenciar enquanto povo, para nos formar enquanto pessoas e para nos distinguir em termos de cargos de alta ou baixa categoria. Como disse Vitorino Nemésio (escritor, poeta) “Cultura é tudo e tudo é Cultura”, basta ter olhos para ver, ouvidos para ouvir, mas sobretudo estar atento e observar o mundo à nossa volta. Se assim o fizermos o nosso conhecimento aumentará e teremos a possibilidade de ser aquilo que por vezes sonhamos ser.
 Lola Rosseu

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Novas páginas!

        Surgiu a iniciativa de criar mais duas páginas no nosso blogue-Caixa de Pandora e Pontos de Vista. A primeira consiste na divulgação de livros, escritores e assuntos relacionados e ficará a cargo da cronista Adoriabelle. A segunda será uma página de textos sobre determinados assuntos, cuja finalidade é refletir ou ficar a conhecer diferentes opiniões acerca de determinados temas, à escolha. Esta página ficará a cargo da Anita P.P., mas é aberta às outras cronistas que tenham textos que possam ser inseridos nestes parâmetros. Como estas páginas não podem ser comentadas, pedimos que, caso queiram fazer sugestões ou comentários a algum texto, os façam no chat ou na última publicação das respetivas cronistas, na página principal.

Cartas Perdidas

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Verónica

Ela vive dentro de mim
em sombras escondida
misteriosa é, assim
a minha amiga mais querida.


Ela esconde-se em véus
de desespero e amargura,
faz quebrar os céus
nessa doce tortura.


Ela a todos detesta 
sarcástica e cruel
Não existe bondade nesta
e no seu coração de vinagre e fel


E a sua sede de morte
eu tento conter
E a minha triste sorte
é ser eu a sofrer


Não sei de onde veio
porque me veio assombrar
mas sem este doce devaneio
não podia prosperar


E é com amor
que ela olha por mim
que me provoca a dor
que me liberta por fim


E, incrivelmente, só o seu nome sei
Um nome que nada significa, um nome que inventei
Será sempre parte minha
e nunca a conhecerei
                                                                                                                             Verónica

sábado, 25 de fevereiro de 2012

NOS BRAÇOS DE UM ANJO…



Capítulo II – E quando menos esperamos que algo nos aconteça…

- E basicamente o que passou foi isto, tal como eu te contei…
- Mas… porquê?
- Porquê o quê?!
- Explica-me, por favor, qual o motivo para, neste momento, estarmos a perder tempo com alguém que não merece nenhuma da nossa atenção?
- Não, pois, quer se dizer… - respondera Raquel, muito atrapalhada – eu apenas te descrevi aquilo que observei. Sabias que ela é perigosa? Por acaso sabias que ela já esteve presa?
- É obvio que sabia tudo isso e muito mais, aliás, na altura em que tu e o Tiago terminaram a relação, eras tu própria que fazias questão de me manter informada acerca da vida da… pobrezita. Mas, recordas-te há quanto tempo isso já foi? Tens consciência das voltas que a tua vida deu, depois desse desastroso incidente?
- Eu sei – exclamara desalentadamente, Raquel – mas, ouve-me Luísa, eu nunca mais toquei neste assunto, uma vez que nunca mais os encontrei juntos, logo pensei que ele já se tivesse deixado desses vícios, porém…
- Espera! – Interrompeu aquela que sempre fora a melhor amiga de Raquel e que por isso tinha noção de todas as ocorrências da sua vida – Eu já percebi o que se anda a passar…
- Ah?!
- Sim, tu, tu… andas a segui-lo!
- Não, não! Eu era incapaz! Desde aquela infeliz tarde em que o encontrei sentado ao lado de outra, que nunca mais lhe dirigi a palavra.
- Então como sabes que eles os dois nunca mais estiveram juntos? Eu já te conheço muito bem e não digas que não eras capaz de tal feito porque eras, não me tentes enganar!
- Ai, estou tão confusa! Eu não o segui, vi-o algumas vezes na rua enquanto caminhava, sem querer, claro, acontecia… Estas coisas acontecem…
- Pois, pois… O que foi, que cara é essa, Rquelzinha?
- Olha, tu sabes o que é que eu penso de tudo isto?
- Até tenho medo de saber…
- Oh! Eu acho que devia ajudá-lo! – Afirmara Raquel, muito determinada.
- Tu nem penses! Vais ajudar uma pessoa que só te fez sofrer, que provavelmente nunca te amou de verdade?...
- Ele está sozinho, não tem família nem muito menos amigos que o apoiem, que o ajudem a vencer as dificuldades da vida.
- Então porque não pede ajuda à sua amante querida e adorada com quem ele te traiu?
Luísa apercebera-se de que estas não foram as palavras mais indicadas:
- Oh, pronto amiga, eu agora só quero que te concentres no lindo casamento que realizar-se-á daqui a dois meses, do qual eu tenho o enorme prazer de ser a madrinha! Já viste que o dia tão desejado está quase a chegar, finalmente vais-te casar!!!
- É… - Raquel encontrava-se realmente desanimada.
- E também, nunca serias feliz à beira daquele pobretanas, enquanto que o Filipe sabe como te proporcionar a verdadeira felicidade, fundamentalmente, a nível económico. Ah pois, quando te casares nem vais precisar mais de trabalhar!
-Mas será que tudo na tua vida é dinheiro? O que é para ti viver? Estar rodeada de dinheiro? Não há valores?
- Então Raquel, controla-te! Eu… não era minha intenção dizer tal barbaridade…
- Mas disseste…
- Tens toda a razão. Desculpa-me! Agora vamos esquecer todos os problemas. Acaba de tomar o café e vamos ter com a Cláudia à nova loja que abriu, ouvi dizer que tem vestidos lindíssimos para meninas das alianças…
- Eu acho melhor ir para casa descansar um pouco.
- Raquel, nós combinamos que íamos reservar esta tarde só para atividades relacionadas com o teu casamento. Queres que desmarque tudo, assim, à última da hora?!
- Sim! – Asseverou Raquel, muito convicta de si mesma.
- Não posso!
- Então arranja maneira de puderes!
Sem dúvida, as palavras de Raquel para aquela que sempre a amparara nos obstáculos da sua vida, tinham sido duras e agressivas e Raquel apercebera-se disso no instante em que olhara em seu redor e verificara o cenário que criara. Todos os clientes do café a visualizavam, estupefactos, uns um pouco aturdidos, outros preocupados mas sem coragem suficiente para interrogar sobre o que se acabara de suceder, e havia até quem fizesse troça e, comparando aquele momento a uma peça de teatro, ansiavam por descobrir o final daquele trama. Mas mesmo assim, nada fazia com que Raquel se arrependesse, porém, a vergonha superara toda a fúria e, exaltada, segurou na sua mala e abandonou aquele local, deixando para trás um pedido de espera de Luísa.
- Não tenho paciência para estas situações – murmurou para com os seus botões.
Entrou no seu novo carro, oferecido pelo seu futuro noivo e, sem olhar a meios, conduziu como nunca conduzira até então. Dentro da sua cabeça surgiam diversos pensamentos, no entanto, todos eles se interligavam num único ponto: o Tiago. Já se passara um ano desde o momento que arrasara Raquel mas, incompreensivelmente, esta nunca o esquecera e, ao contrário da imagem que tentara passar perante os outros, o seu amor por Tiago ia aumentando mais e mais. Ele desempenhava um marco importantíssimo na sua vida, era como um anjo, que nunca poderia ser simplesmente apagado, ou talvez podia mas, estranhamente, Raquel não o queria e sofria em segredo, no entanto para ela essa fase estava terminada! Raquel estava disposta a perdoar Tiago e reviver os bons tempos do passado, nem que para isso tivesse de desmarcar o casamento a que fora praticamente forçada e assim recomeçar uma nova etapa na sua vida.
Determinada, a rapariga, enquanto conduzia, segurou no seu telemóvel. Marcou o número de Tiago, com a intenção de que este o atendesse e que desta forma resolvessem todos os problemas existentes entre o ex casal. Porém, por algum motivo, este não o atendera e ela não desistia, esperançada por um futuro carregado de otimas novidades. Raquel estava abstraída do mundo à sua volta, apenas se focava naquele que, na sua opinião, era o único fator que alguma vez lhe tinha dado motivos para viver, até que ouviu um estrondo:
- OUTRA VEZ NÃO!
 Atarantada, saiu do carro o mais depressa que pode. Dezenas de buzinadelas surgiam de condutores impacientes. No chão, encontrava-se o corpo de um homem. Raquel aproximou-se do sujeito e, em pânico, sem saber o que fazer, apenas gritava:
- O senhor está bem? O senhor está bem? Consegue-me ouvir? Diga alguma coisa, por favor!
O jovem fez um esforço e deu meia volta, posicionando-se com a cabeça para cima. Raquel não queria acreditar no que os seus olhos contemplavam:
- Tiago?! Oh…

                                                                                                                                                    Sunshine

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um pedido de desculpas


Caros Leitores, algumas das cronicas não tem publicado os seus textos, pois a sua situação pessoal no momento não é a melhor. Pedimos imensas desculpas e pedimos ainda que compreendam. No entanto, assim que tudo estiver favorável, voltaremos a postar textos com muita frequencia.
 Desculpem...



Lola Rosseu

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Ódio
















Sentimento estranho este,
Que corrompe a mente
E destrói a máquina da vida,
Sem deixar chaga para curar.

Distorce o pensamento
E pinta de preto tudo
O que de bom e feliz
Encontra pelo caminho.

Provoca desastres
E faz mudar o mundo
Com o poder divino
De algo que se sente.

Quem inventou, então,
Tão forte poder
Que consegue derrubar
Até a própria natureza?

Talvez as lágrimas que vejo
Sejam não espelho de Ódio,
Mas sim de esperança e fé
De que o Amor vença a guerra.

Porque quem inventou o Ódio,
Inventou também,
Em perfeito equilíbrio,
O outro lado da moeda,

Na esperança de que, um dia,
Se fundam e governem
Com os sonhos de um
E a realidade do outro.


Anita P.P.

Nova iniciativa!

Como diz o outro: não há duas sem três, mas nós dizemos: não há uma sem duas. Por isso mesmo apresentamos outra iniciativa para os nossos leitores.
O blog decidiu a pedido de uma leitora, começar a escrever poesia! O que acham? Interessante, não?
Deste modo, iremos ter, já a seguir, o primeiro poema e quem escreveu foi a nossa cronista AnitaP. P..
Não percam!

Cartas Perdidas