sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os insectos cinzentos


Capitulo II- Parte 2
Não era como nos filmes, ninguém estava a gritar em conjunto e no entanto estava uma barulheira infernal. Um pouco contra a minha vontade, dei por mim junto deles a ver aquela cena degradante e ridícula.
Para começar, era ridícula porque claramente um daqueles rapazes nunca andara á luta, estava a ser assassinado pelo outro que lhe batia com toda a força que tinha. No entanto parecia ter quase medo de usar toda a sua força para lhe bater. Não que se a usasse fosse ganhar a luta, era magro, pequeno e tinha cara de bebé apesar de, a julgar pela barba já ter mais de quinze anos, mas pelo menos podia não ter sido tão massacrado. Já tinha o rosto cheio de sangue e o nariz tinha um ângulo estranho.
Aquelas pessoas eram todas tão feias, os seus rostos eram tão disformes, as suas vozes tão agudas.
No meio da multidão, era uma loira oxigenada com um peito grande e uma cara tão feia como todas as outras quem olhava mais fascinada para a cena.
A Vera, naturalmente.
Só depois reconheci que o rapaz que estava a espancar o outro era o namorado dela. Ou um derivado, estão sempre a separar-se mas o desgraçado é tão masoquista que acaba sempre voltar para ela mesmo estando farto de saber que ela é uma cabra que não se importa de o trair com qualquer um.
Alguns funcionários tentaram separá-los mas foi só quando o director chegou que a multidão realmente se dispersou.
Aproximei-me da Vera, não fui a única, ela estava rodeada de gente mas quando me viu fez uma cara muito horrorizada do género “viste aquilo?”.
-O que é que se passou, porque é que o Tiago estava a bater naquele puto? – ao falar apercebi-me da estranheza da minha voz, mas a Vera não parecia reparar.
Outro olhar falsamente horrorizado antes de dizer:
-Foi por causa de mim, acreditas? Bateu no puto só por causa de mim!
Eu retribuo o olhar horrorizado:
-Tens de o largar de vez, não pode ser assim, mas quem pensa ele que é, o teu dono?
Bla, bla, bla, és cá uma cabra de merda, detesto-te e és feia. Não costumas ser mas hoje estás, o teu nariz é demasiado grande e tens borbulhas, imensas borbulhas e poros dilatados
Bla, bla , bla, as pessoas sempre foram assim tão barulhentas? Porque é que estou na sala em que tenho biologia?
O que está acontecer?
Está tudo a rodar tão depressa, mas não pode ser porque estou parada, não pode ser pois não, mãe?
Por favor, ajuda-me, eles estão a puxar-me a levar-me até ao fundo, não consigo mexer-me, não tenho braços nem pernas, não consigo senti-los! Não te rias, odeio-te, odeio-te, odeio-te!
-Sandra, Sandra estás bem?
Tenho de ir, tenho de fugir, eles vão apanhar-me, não está bem, não estou bem, aqui, eu. O meu x-acto, quero apunhalá-los mas os meus braços estão no chão
Não, afastem-se de mim, estou a tentar, estou a tentar agarra-lo, consegui, sai da minha frente, sai, sai!
Porquê está tudo vermelho, estou magoada, não me sinto magoada!
E se estiver morta? O que se passa eu não consigo…
Onde estou eu?          
                                                                                                                                  Verónica

1 comentário:

Adoriabelle disse...

Vamos lá ver o que sai daqui...quero saber! próximo please! Continua